domingo, 19 de outubro de 2014

Quando envelhecemos?

No encontro de hoje, Tatiana e eu trouxemos para a sala de ensaio ações que representam as nossas ideias de criação. Dia leve.

Quando a gente percebe que está envelhecendo?
Agora estou mais velho do que há três minutos atrás, quando comecei a escrever esse texto.

O espetáculo Quando Envelhecemos vem tomando forma e sentido em meio ao seu próprio processo. Nossa função é dar ouvidos ao que mais pulsa e ao que nós sentimos com mais intensidade em meio a pesquisa.

O Pilates e o Tantra Yoga têm nos auxiliado na preparação corporal de ator. Através desses dois métodos temos notado nosso corpo mais aberto e disponível para o trabalho, os exercícios trabalham bastante força e flexibilidade, além de concentração através da respiração.

Anotações feitas por mim e pela Tatiana:




"Exploramos imagens, as perguntas necessárias, um minuto mais velho. Quando envelhecemos? bebê parece um velho... ou um velho parece um bebê, como o choro e o riso que se parecem e as coisas opostas e complementares, o amor, o ódio, feminino e masculino, o dia e a noite, o sol e a lua etc. Vó transgressora. Vó do Thiago sempre dava balas pros netos, aquelas amarelas quadradinhas."


Metodologia de hoje:

Preparação do corpo com Pilates;

Aquecimento vocal: falamos 10 minutos sem parar, com momentos de pausa para escutar e nos movimentarmos um em relação ao outro;
Improvisação a partir das temáticas alinhavadas;

Sentir a necessidade dos objetos e como experimentar eles. Surgiram coisas novas como a manipulação dos objetos e também os bonecos de mão com pano em volta. Se deu um valor grande aos objetos, a música também deu uma qualidade de leveza onde um podia escutar o outro. O Livro de Renato Cohen "Work in progress na cena contemporânea", movimentos juntos, a dança do tango "-Ah, tem que saber dançar, porque senão pisam nos meus pés". Lumilan: "-Essa bacia tem marcas, nós corporificamos ela". Tatiana "-Eu sou um pouco de tudo o que está em minha volta". Lumilan: "Eu sou um pouco da ansiedade da minha mãe" Tatiana: "Será que isso é coisa de mãe? minha mãe também é assim".

Uma pergunta-reflexão: Como dar abertura para os objetos falarem?

Lumilan Noda









terça-feira, 14 de outubro de 2014

OFICINA COM MICHELLE OUTRAM "A PERFORMANCE A PARTIR DE MATERIAIS CULTURAIS"

A oficina irá possibilitar a exploração do uso de materiais culturais na performance. Os participantes irão trabalhar em estreita colaboração com Michelle e em pequenos grupos para explorar métodos de estratificação dos conteúdos que trouxerem para a performance. Será criado um trabalho multidisciplinar com demonstrações curtas que serão compartilhadas entre os participantes, explorando uma variedade de modos de presença, as relações espaciais entre o performer e público, explorando nossa percepção sobre conteúdos culturais.

Michelle desenvolve um trabalho combinando dança / movimento, som, instalação e projeção de vídeo. Ela é licenciada em Estudos da Performance pela Universidade de Sydney e foi professora na Edith Cowan University, na Austrália. É radicada em Londres, onde desenvolve a maioria dos seus trabalhos artísticos.
Atividades:
Carla Vendramim: Então a primeira tarefa é escolher um material o qual possa fazer parte da sua trajetória ou cultura pessoal. Em termos de materiais, pode ser um vídeo, um objeto, um texto… enfim… pense em algo que faz sentido para vc.
Dia 03/10/2014
No encontro só tinha mulheres Michelle só falava em inglês e para mim a dificuldade de entender e me expressar começou quando a Carla me falou que ela só falar em inglês, mas Carla me acalmou dizendo que ela iria me traduzir. Ficamos em roda no sentadas no chão e conversamos sobre os objeto, e sua importância para cada uma, Carla falou de sua avó e levou  um terço que a vó tinha feito com pedras e a cruz quebrada, para ela a cruz quebrada tirava o peso da religião, Ana levou um poema que remetia a Medeia, Nury levou duas bonecas construídas por mulheres de uma instituição de manicômio, eu levei dois objetos um brinco da minha vó e um vídeo que fiz no verão, deste mesmo ano em uma visita, descrevi para o grupo a dificuldade em achar meu objeto e que minha escolha do brinco e do vídeo foi porque estava em um processo de criação que ela era parte e já queria fazer conexões com os objeto que remetessem minha vó.    
Michelle nós falou sobre a importância do objeto e que ele diz muita coisa e que o performer serviria de suporte para o acontecimento neste caso de integrar ao objeto no ato performático.
Com isso terminou o encontro e ficando expectativa do que viria no dia seguinte já combinamos de ficamos juntas até no horário do almoço e decidimos fazer um piquenique para nos entrosar mais e compartilhar as experiências.
04/10/2014
Pensamento que vieram a tona neste dia “ Eu sou a minha bagagem cultural, passando por tudo que já trilhei, as viagens os encontros e desencontros, tudo.
Michelle –Porque trabalhar com alguma coisa?
-O performer não ser o elemento central
-Que discurso faz sentindo hoje?
-Como a performance pode dar apoio ao material?
-Porque o objeto fala por ele mesmo?
-Como contar uma história através do objeto sem que a pessoa esteja lá?
-Conectar com o público ao material, a performance do corpo presente. O performer fala com o público assim como eu estou falando com vocês a partir do abstrato, como se fosse múltiplas visões sobre a mesma ação. A performance é quando o espectador é atingido pelas impressões e com isso faz o próprio significa e identifica então com o material proposto pelo o performer.
Ela comenta que fez uma performance com várias projeções com material histórico, em uma sala e que ela tocava violão selo.
O material é o elemento principal desta descoberta performática, é a linha condutora que costura camadas de sentindo.
Como chegar na performance partindo do objeto:
Eu e Carla compartilhamos as relações sobre os objetos que levamos eu o brinco e ela o colar, nós estávamos reproduzindo em símbolos nossas avós e alguma de suas características em colocar em cena o objeto e deixando que ele conte por si só sua trajetória.
Contei para a Carla sobre os segredos de minha família e que alguns não eram revelados e que o objeto me remetia a lagrimas que a primeira imagem foi em colocar ele na boca, que representava segredos não ditos.
Carla experimento na boca para agente ver como ficaria plasticamente imagem, e ela foi me ajudando a construir minha imagem aos poucos e conversando sobre a experiência.
Ficamos um pouco expondo nossas histórias e até que Michelle veio para saber se agente já teria afinado nossa percepção sobre o objeto. Com isso falamos as imagens que nos veio, e ela sugeri-o foto dos brincos que eles fossem de alguma forma para a boca de Carla que me ajudou a estar em cena compartilhando a performance.
Michelle tirou 3 fotos e compilou em um programa para que ficasse em looping e com essa imagem eu projetava nos olhos da Carla passava para o rosto dela até chegar na boca dela. Que simbolizava as coisa não ditas da família.
Partindo disto eu fiquei na sala escura com a projeção e comecei a investigar as possibilidades que a projeção e o objeto podiam me proporcionar em corpo e movimento, Michelle pediu que eu não tivesse movimento expandido, era tudo interno que pequeno.  
A projeção de minha emoções, a respiração profunda o pé que mexer partindo disto, as mãos que se encolhem, o sorriso a secura da garganta minha salivação viscosa e seca que lentamente descia pela garganta, era difícil de engolir, todas esses movimento partindo de dentro para fora em pequenos e intensos movimentos que partiram da projeção, onde eu estou posicionada ao lado, ou na frente.
As interferências das imagens vieram a partir da projeção que deixou ecos em mim de pequenos movimentos. Eu me coloquei no meio da projeção para interferir com meu corpo na projeção e submergir dentro dela.
Porque escolhi esse objeto e este vídeo?
O que eu queria escutar?
Que segredos eram esses que ninguém tinha escutado?
Quais eram os desejos que estavam ali naquela escolha?
O corpo que puxa para baixo e para os lados eram como um estilhaçar do corpo em várias direções e que roupe com as coisas que tinham que sair que ficaram escondidas no dna.

Experimentei a projeção, eu na lateral da projeção, uma planta no meio das pernas, os cabelos no rosto, deixando-me levar pelos movimentos contidos enfatizando os segredos.

domingo, 12 de outubro de 2014

Idas a Herval e suas observações: Histórias

As histórias que o pai do Lumilan falava a vontade sobre o passado e seu presente.
A grande maioria dos comércios tem o nome próprio tipo, Fernanda, todos conhecem a proprietária etc.
Hervalenses falam os seus nomes completos, Lumilan Noda Vieira.
Por conta da revolução farroupilha de 23, ditadura, movimento de legalidade onde o Brizola encabeçou este movimento e foi cassado pela ditadura.
Herval sofreu a ditadura muito grande, é uma cidade pelejadora, atuando contra os rebeldes porque Herval poderia patrocinar o comunismo, Herval remói o passado, sinal de que foi importante, cidade fronteiriça com o Uruguai, por isso a militância tinha medo de Herval.
Vó por parte de pai plantava os umbigos no pátio para sempre ter os parentes próximos, minha mãe guarda os dentes em um potinho. (Thiago)
Ai nem sei se tem mais os umbigos lá, mas sei que a gente tinha que tirar para das para as mães.
Sentimento de coletividade, "Herval não vai para frente".
Segunda vez em Herval, o tradicionalismo é tão forte que as pessoas são conduzidas. Lembramos da lida do campo (gado), sem ter tempo para papear e pensar sobre a sua história. Reproduzir uma história que nem sabe se é verdade, contos que se eternizam por anos na mente e nas crenças da população.
“Quem conta um conto aumenta um ponto”...

Um Hermes Herval o juiz das cantantes juvenis, que narra na rua com microfone -Convite para festa ou Convite para enterro... pesquisar uma vocalidade.
Cena do menino com mão no bolso, tirar e colocar, cultura nativista, fala sobre expressão corporal em que jurado reprime a ação dos guris. 
Aline. Ela é o contraponto da gente,  ela se urbanizou e voltou para cidade,
Porque que voltam a Herval?
A cidade tem muita resistência com o novo de que o novo vai apagar a história,
Clarecí - eu vou escrever uma peça de teatro para ti, o nome da peça que Clarecí escreveu para Lumilan “Casa de bonecas”.
Mentalidade de própria repressão sobre comportamento em Herval;
O que os outros vão dizer?
"Eu to com frio, mas vou sair de moletom porque o que os outros vão dizer?"
"Honra essas bolas que tens no meio das pernas... do gaúcho. Futebol é pra homem."
O que queremos falar?
Lumilan - 
Quando envelhecemos me diz sobre um medo de envelhecer, e como eu acho isso injusto, das coisas terminarem se degradando. É impossível não se falar de morte, sentindo da vida e pensar em o que é a vida, como é difícil não ter certeza de nada.
Tatiana -
Uma relação de percepção de tempo, que tempo é esse, de amadurecimento, de definhar, de amadurecer até definhar, e que isso é parte da vida né. A vida no sentido de existir no mundo, fazer parte do mundo e depois de dissipar.  Essa permissão de ser mais velho também, porque as vezes me parece que ser velho não é possível, agora nesse momento, ser jovem é mais importante... ai velho é uma coisa ultrapassada, parece que as pessoas velhas não tem mais importância, e aí então gera essa cobrança, a gente ta sempre se transformando corporalmente pra ser jovem, sendo que faz parte da natureza envelhecer. A gente ta num momento em que ser velho é não ser mais útil a sociedade, parece que acabou a minha contribuição. Essas camadas do nosso quando envelhecemos tem essa coisa da galera em nossa volta, tipo família, amigos, conhecidos... todos estão fazendo parte de uma forma ou outra desse envelhecimento, pois isso é uma coisa que vai acontecer pra todos nós, se a gente não morrer antes é claro.

O que é ser útil?
Por que se precisa ser útil? Necessidade que o ser humano tem em se sentir útil. Em Herval, quando eles deixam as pessoas serem úteis? Condução excessiva por um comportamento.


Cenas
1)    O cara radialista, inspirado no cara do CTG, que narra os acontecimentos. Microfone. Possibilidade de ele servir como um elo condutor. Cara de Alice.
2)    Lumilan - Contar história enquanto toco gaita como recurso. Contar história do meu tio com a gaita. Bombacha, alpargata, boina, lenço e camisa, cores: marrom, cinza, cor crua, couro, azul marinho, vinho.
3)    Lumilan - Contar história do avô, caminhonete, sangue. Sangue é lã da baba antropofágica.

4)    Cena contando história com objetos, fazendo morrinhos no chão com erva mate “aqui está Herval, uma cidade no meio dum monte de morrinhos”.

5)    Tatiana na Roca com o vestido vermelho, com o texto que resgatou no dia que foi visitar sua vó.

6)    Tatiana faz movimentos em desequilíbrio na bacia vestida de homem. Pode ter projeção.

7)    Tatiana, fotografia projetada no não-movimento com os brincos. Brincos na boca.

8)    Canções de ninar. Qual a primeira música que tu ouviu? Da oficina que a tati fez com a vick.

9)    Um Hermes Herval o juiz das cantantes juvenis, que narra na rua com microfone  -Convite para festa ou Convite para enterro... pesquisar uma vocalidade.


10) Cena menino mão no bolso tirar e colocar, cultura nativista, falar em expressão corporal onde jurado reprime a ação dos guris. 

11) Cena do convite para enterro do Lumilan na voz do Hermes, quando meus pais brigavam comigo eu ficava imaginando como seria se eu morresse, as pessoas chorando por sentir a minha falta.

12) Meu nome é Tatiana porque quando eu era pequena minha mãe... contar uma história, aí a pessoa grava o teu nome a partir da história e não simplesmente pelo nome. Meu nome Lumilan tem o seu nome porque seu pai achou em um livro antigo de história indígena esse nome e o colocou no pia. 

13)  Áudio vó de Lumi contando historias sobre as brincadeiras com as boneca, em cena possibilidade; de uma animação de boneca projetada e o ator dançando o áudio e se misturando com a projeção. Relação casa de bonecas que é o texto teatral que a professora clareci deu pro lumi, sendo que ele nunca montou porque nunca soube como montar. Aí ele monta a cena com bonecos, inspirado no que ele lembra e na historia da casa de bonecas que sua avó lhe contou. Pois só agora, com referencia de uma história contada por sua avó é que ele conseguirá montar. No teatro eu aprendi que tudo o que a gente for fazer tem que ter verdade, tem que ser de verdade, por isso não fez sentido pra mim o texto naquela época, e eu acabei esquecendo. Agora, essa história da minha vó é verdade que eu preciso pra montar a cena. O texto da Casa de bonecas: Todos os dias, uma menina passeava com a sua mãe e cruzava em frente a uma loja onde tinha uma boneca. A criança sempre que passava na frente da loja pedia para a mãe para que ganhar aquela boneca de presente, mas a mãe não tinha dinheiro e dizia para a filha que não poderia comprar. A menina então, passou a apertar os olhos toda a vez que passava em frente a loja. Um certo dia, quando menos esperava a menina ganhou da mãe a boneca e, para a sua surpresa, a boneca falava, andava e cantava música.


Cronograma de atividades:
Qual é a cor? Lumi –Pele, madeira, verde grama, verde erva mate, amarelo de bem me quer, vermelho.
Tati – Verde mato, azul céu, vermelho bife, marrom couro, marrom cor de galinha caipira, branco, flitz.
Qual é o cheiro? Lumi –Erva mate, esterco de gado, milho, carne assada, cebola assada, sabonete, perfume de vó, naftalina, pão feito em casa, doce feito por vó, fumaça de caminhão, flitz.
Tati –Cheiro de estábulo, mato pós chuva, pão feito em casa, perfume de vó alfazema, café passado na hora, fogão lenha, sabonete Fhebo, fumaça de fogueira.
Qual é o gosto do espetáculo? Lumi –Ambrosia, doce figo, pêssego com bicho, cebola assada, churrasco com sal grosso, cachaça.
Tati –arroz com leite, doce de abóbora com cravo e canela, café preto, arroz com feijão, pão feito em casa, churrasco, cerveja, vinho.    
Qual a musicalidade do espetáculo?
Tati: ruídos quaisquer, fala das vós, violão, teclado, gaita, Teixeirinha, água, cachoeira, copo, mar, navio, trem.
Lumi: gaita, violão, ruídos de ambiente, pássaros, carros, patas de cavalo, rádio, música A desconhecida, teclado, água, talher que bate na louça, tosse, xixi.

Que objetos?
Tati: roca, vestido vermelho, roupa masculina, bacia, brinco, cadeira, projeção, máquina de fumaça, instrumentos, copo com água, café passado, arroz e feijão cru, mochinho, fotografia, mini tearzinho, caixinha, gaiola, moldura.

Lumi: gaita, violão, vidro de perfume, cadeira, banco, bombacha, camisa, buena, teclado, alpargata, sabugo de milho seco, osso, máscara azul.
    

Práticas corporais: aquecimento para levar a um estado, vocalidade-corporea; filmar as ações;
Falar vinte minutos sem parar, momentos de parar para escuta o outro;
Contar histórias sobre como seu nome surgiu;
Lembrar de canções de ninar e colocar 3 ações para essa canção;

Ir para as cenas;  


 post por Tatiana Duarte e Lumilan Noda

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Eu andei andei andei APAIXONADO


-Eu andei andei andei APAIXONADO.... canção que escutei de um vizinho do Lumilan na cidade Herval, esta cidade é foco de nossa pesquisa. Observar as pessoas, seus comportamentos, gestos, foi nosso fim de semana na cidade, olhares atentos.

 O corpo daquele dia estava dolorido, devido a cólicas, dolorido mas contemplativo, como pesquisadora novas imagens durante a viagem e nos locais que fomos ficaram na memória, nos divertidos no tempo em que estávamos lá, as trocas de histórias, o sorriso constante de cada um que nos recebeu na cidade.
Fomos em uma festa no Lar do Idoso onde as "divas" e "divos" era eles, os idosos, os mais experientes da cidade que já trilharam um caminho que agora deixaram esse legado aos jovens. Vimos senhores e senhoras desfilar com orgulho de seu corpo e familiares que assistiam, prenda e peão ganhando seu espaço de destaque.

-Um aluno me mostrou uma moeda, e queria que eu traduzisse, era grega. Vai ver que um vento trouxe a moeda da Grécia para cá? Hahahha
-Em 1991 teve um retiro no Basílio era um retiro de artistas que acabou em confusão, por causa do Camarão que era comunista.
-No centro de Paris tinha a bandeira do Brasil. Eles viajam muito. Tinha um jornal antigo que se chamava “Ordem”
(Gaudioso e seus causos)

Fragmentos de frases que vi nas Placas na ida até o Basílio
Estrada de chão campo ao nosso entorno e muita contação de histórias e causo com o pai do Lumi quem nos guiou até lugares lindos e calmos de Herval. Assim que passava o carro eu ia anotando conversas e o que conseguia das frases nas placas.
“Os ventos e tempestades destroem nossos matos”, “Um lugar dos sonhos onde se deve voltar” esse eu não tenho certeza se tinha ou eu inventei.
Uma menina estava com um dente de leão uma planta bem delicada ela pegou na mão, fez seu pedido e deixo que o vento levasse seu pedido para longe. Essa ação era muito poética por conta do nossos desejos e coisa que sempre queremos atingir e o nosso projeto é um pouco isso, a conquista de um sonho de estamos exatamente onde queríamos estar com as pessoas que nos fazem bem e cultivam em nós a nossa arte, foi o pensamento que me trouxe quando via a menina fazendo seu pedido.



Perguntas que ecoam na pesquisa desde que nascemos já nos encaminhamos para e o envelhecimento passando por etapas
Estamos a espera do que?
Como envelhecer?
Que corpo é esse que se transforma?
Quando agente se permite envelhecer?
O mundo contemporâneo nós deixa envelhecer?
Quais são as lutas que travamos para envelhecer?


Post por Tatiana Duarte

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

"É engraçado pensar que no alto daquele cerro o tempo é um ser especial, ele vem e fica em você..."

Por Thiago Rodeghiero

De tantas coisas que vivi na vida a visita a cidade de Herval nos dias 27 e 28 de setembro de 2014 foram com certeza dois dias que nunca esquecerei. Que linda cidade, cidades que aos poucos estão parando de existir.

Herval não é apenas uma cidade de 1º (quando tu engata a 2º a cidade acaba, piada de meu avô), é uma cidade viva de história, parece que todas as histórias de peleia passaram por Herval e deixaram lá uma cicatriz e todos da cidade são parte dela, mas não sofrem por isso, aprenderam e lutaram para ter essa cicatriz, algo que fica difícil de compreender olhando de longe, apenas estando em Herval se pode perceber isso.

Herval não tenta disputar sua importância histórica riograndense, ela tem consciência que foi parte, e não precisa provar nada pra ninguém. Parece que ecoam em seus morros e cerros a história viva de todas as batalhas que ali passaram, parece que ao fundo ainda há um sentimento que Herval foi vitoriosa em todas elas.

Logo de chegada parece que Herval, mesmo reclamando que a cidade não cresce, tem orgulho de ter permanecida intacta aos tempos modernos. Chegamos na cidade e a companhia que administra a água e esgoto da cidade estava fazendo uma obra defronte a igreja da praça central e em todo o local que nos estávamos indo reclamavam o seguinte: "logo hoje resolveram cortar a água da cidade, agora nem dá pra fazer um chimarrão.".

Fico pensando que "Herval não cresce" não é uma reclamação da população e sim que isso é um certo orgulho de permanecer com essa essência tradicional (não tradicionalista, tradicional) a vida simples, onde todos são os mesmos e ninguém fica chorando pra lá e pra cá que está sem dinheiro e sem tempo, parece que dinheiro não é algo necessário, e, tempo, esse sim lá parece que passa com mais vontade.


É engraçado pensar que no alto daquele cerro o tempo é um ser especial, ele vem e fica em você, ele não escapa pelas mãos, ele te abraça e gosta de você, dá pra viver 3 vidas em Herval, que sentimento bom e adorável saber que a vida ainda tem sentido, e que a relatividade é sustentada com esse contraste temporal ali vivido.

A distância não parece ser problema, ninguém se cansa de ir longe, mesmo estando tão perto, lá a distância é valor, é saboroso contemplar da longe e tranquila paisagem que ali


paira. Parece que a tranquilidade e a qualidade do tempo vivido te contagia e a essência campeira entra em ti e a pressa não é mais tua amiga, ela te abandona no momento que entras nos cerros e morros.

O povo te olha nos olhos, aperta tua mão, te dá um sorriso feliz e sincero na primeira vez que te conhece, isso não se vê mais em local algum, isso faz refletir o quanto perdemos o contato com o próximo, o individualismo cotidiano nos sufocou a tal maneira que estranhamos essa hospitalidade e esse se importar com o próximo. Herval é essencialmente forte, aguerrida, brava, carinhosa e hospitaleira.

Se tem orgulho de ser verdadeiro e isso se reflete nos aspectos mais primordiais como a culinária, tudo com gosto e cheiro e sabores genuinamente reais, não se sente aspectos artificiais, e sim reais da vida.

"Das coisas que guardo na memória, Herval vai ficar no meu coração, não só por sua história, mas pelo apego dos que lá ficarão.' (meu singelo verso baseado nas rimas típicas gauchas).